Hoje, não sei se gosto mais do facto de ter chegado a casa e não ter ninguém com quem falar, de não ter uma presença física à minha espera, de ainda não ter ligado a televisão, não ter ido à cozinha, não ter apanhado a roupa, nem de ter arrumado o que está desarrumado. De não ter ido à sala, não me ter sentado no meu sofá e de ter vindo directa para o quarto. Hoje, não sei se queria ter alguém à minha espera, alguém que ficasse com o humor alterado, porque cheguei mais tarde do que o esperado. Alguém que me falasse de coisas que me fizessem responder "sim... não... pois.. anh anh... humm... isso..." ou alguém que falasse da bolsa, do psi 20, do PIB, de futebol, de quanto a "monarquia" custa ao Governo, daquilo que as novas escutas provam, do quanto temos de agradecer ao BCE, que tem sido uma bóia neste oceano cheio de tempestade, ou do novo modelo do carro não sei das quantas, que vem com não sei quantos extras e tem tanto de cilindrada, mais injectores xpto, e não sei quantas mil coisas que, no final de contas, é só dar à chave - ai, espera, agora é carregar no botão - meter primeira, destravar e seguir em frente. Hoje, não sei se queria barulho e confusão. Hoje, sei que o silêncio que estou a ouvir, me está a saber muito bem. Mas, hoje, não sei se quero isto, ou se queria uma vida completamente diferente daquela que eu tenho. Ainda assim, no meio disto tudo, eu quero sempre a vida que tenho e não tenho motivos para me queixar. Queixo-me, sim, do facto de hoje não conseguir perceber de que lado da balança me apetece estar.
1 comentário:
Ha pouco tempo fui viver sozinho com os meus caes. Ha dias em que as tuas duvidas, aparecem sem convite, e a minha resposta...ate ver e assim que quero a minha vida.
Um dia o prazer do silencio, sera ofuscado pela comunhao entre duas vontades, esse dia ainda nao chegou, e ate la nao quero fracas substituiçoes.
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