09 setembro 2009

Quando eu era pequenina, tu já eras velho. Eu cresci e tu continuaste sempre igual, de cabelo branco, rugas, pelo morena, alto e com barriga de pai natal. Para a minha mãe eras como um pai, da mesma forma que as tuas filhas são como irmãs. Todos nos preocupavamos com o teu bem-estar, com aquilo que comias, com o sol que podias apanhar quando estavamos todos na praia. Ainda me lembro daquela vez na Figueira, que a noite trouxe uma chuva torrencial e tu tinhas ido andar para o calçadão. Andámos, andámos até te encontrar.
Quando não tinhamos carta de condução, nas férias do Verão, eras tu que nos levavas onde queriamos ir. Era assim todos os dias, depois do jantar. Iamos no teu renault branco. Andavas tão devagar e nos não faziamos mais nada do que gozar com isso. Diziamos piadolas, riamos e mandavamos bitaipes para o ar quando algum carro nos ultrapassava. Tu não percebias, ou fingias que não percebias.
Não eras de muitas palavras. Ficavas sempre no teu canto, com os teus pensamentos. Tenho a certeza que estavas a pensar nela... E foi a ela que te juntaste. Quando ninguém contava com isso. Ontem.

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