Os anjos não têm costas,
por isso não te vi
Só mais tarde ao passar eu reparei em ti
Quando quis desviar os meus olhos dos teus
Já não era possível,
já não te disse adeus
E naquele momento, o abraço foi inevitável. A força não foi suficiente para controlar a vontade. Os braços de ambos esticaram-se. Os olhos olhavam nos olhos. O sorriso de ambos era o mesmo de outros tempos. Igual. A música fazia parte do momento, parecia ter sido tudo combinado. Propositado. A hora, a madrugada, foi a mesma de outrora. E os braços cruzaram-se. E a força do aperto foi sentida. O aperto denunciou a saudade. A mão dele subiu até à nuca dela. Passou-lhe os dedos pelo cabelo. Encostou a cara dele ao pescoço dela. E ela percebeu que ele só queria voltar a sentir o cheiro do cabelo dela. Ela sentiu um arrepio. O mesmo que já havia sentido antes. E assim ficaram. Abraçados. O tempo parou. Passou. A música continuou. Tal como ela. Ela soltou o abraço e do alto dos seus saltos altos, deu meia volta e continuou o seu caminho. Em silêncio.
Porque eu não tenho asas, porque eu não sei voar
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