12 maio 2010

Meu amigo "tempo"


Às vezes, dou por mim a pensar no tempo e na forma como ele passa tão rápido. Às vezes, dou por mim a relembrar tempos passados e apercebo-me de que, afinal, ainda me lembro de tanta coisa; ainda me lembro de coisas que, à partida, me pareciam tão insignificantes, mas que quando trazidas para a conversa de um jantar, acompanhado por sangria de champanhe, me sabem tão bem por as estar a recordar. Hoje, relembrei anos e momentos passados em Coimbra. Num jantar a dois, afirmámos ao mesmo tempo: "Foram os melhores anos da minha vida!". Logo de seguida, o sentimento de nostalgia trazido pela velha frase "ainda te lembras disto?!", que traz consigo os sorrisos, as gargalhadas e aquele "iiihhh" mais acentuado, como que a dar mote para a entrada de mais uma lembrança. E depois outra. Foram as coisas que eu disse; foram as coisas que disse quem estava comigo. Foi aquele dia de Setembro, do ano 2002, para mim, e 2003, para ti, que ditou o início da caminhada. Foram tantos dias e tantas noites dos anos que se seguiram. Foram as horas a estudar e foram muitas mais horas de festa. Foram as praxes, os cortejos, as fitas, os carros, as bengalas e as cartolas. Foi a capa negra que nos foi traçada e as capas que traçámos. Foram as capas enroladas, que depois estendemos em cima da relva. Foi a minha capa rasgada, foi rasgada a capa de quem hoje jantou comigo. E hoje, foi a alegria da certeza de que há amizades que existem, se transportam no tempo e mudam de cidade. Hoje, foi a velha pergunta: "Epah, já foi há quantos anos?" Foi voltar a falar vezes sem conta da Spring Party, a festa em casa "das meninas", da qual metade Coimbra andou o resto do ano a falar. E que ainda hoje nós não conseguimos esquecer. E tu disseste: "Foi dia 24 de Março, há sete anos". Foi o telefonema, como por magia, lá do meio do Oceano, que se juntou ao nosso jantar durante alguns minutos. E a sensação de que "estamos crescidos"?! As conversas que evoluiram. Foi o Socrates, o TGV, o aeroporto e as SCUT. Foi o Passos Coelho, o Papa, as greves e o desemprego. Foi o perigo do IP3 e as obras que ficaram a meio. Foram os telefonemas sérios a interromper. Foi o "vamos mas é falar baixo, porque as paredes têm ouvidos e nós somos pessoas sérias". Não sei para quê, já que as gargalhadas não foram nossas cúmplices. Foram os devaneios e os brindes "às ssoas soltas e deslargadas", mais os brindes "às ssoas felizes assim" e os brindes "a todos aqueles que já ultrapassam os desgostos". Pliimm... "daqui até ao fim só falamos de coisas boas". E viramos a conversa para as viagens e para aqui e para ali. Para no final, rematarmos com um "tás a ver como, afinal, temos conversas de gente adulta?!" E ficámos a rir. A rir!

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