Cada vez mais me convenço que as pessoas nos deixam nos momentos em que mais precisamos delas. É um facto. Mas, é também nestes momentos que percebemos o valor de pessoas que estão ao nosso lado, e que apesar de não nos conhecerem de parte nenhuma, nunca nos terem visto mais magras ou gordas, mais felizes ou infelizes, nos estendem a mão, nos dão colinho, palavras de incentivo e, acima de tudo, nos encorajam rumo ao amanhã.
A família P é o exemplo disso. Pai, mãe e filha. Pouco ou nada me conhecem. Conviveram comigo meia dúzia de vezes.
Devo confessar que desde o início me senti bem ao pé da família P. Genuínos, sinceros, são pródigos na arte de bem receber. Em casa da família P senti-me em casa. A conversa nunca acabava e, apesar de irmos de assunto em assunto, mesmo quando a hora já era tardia, em casa da família P, nunca senti que alguém estava a fazer frete ou a parecer bem, só porque não tinha confiança comigo e era chato terminar a conversa.
O ambiente na casa da família P, remetia-me para ambientes da minha infância, para uma casa de família. Para a minha casa. Em casa da família P, senti aquilo que sei que as pessoas sentem quando vão à minha casa: uma porta aberta para tudo e mais alguma coisa. Pessoas disponíveis para o que der e vier.
Recentemente vivi mais um episódio daqueles que só vão ajudar na decisão e na certeza de que 2009 não é mesmo o meu ano. Por força da circunstância, a família P viu-se obrigada a viver este momento. Desde o princípio que a minha preocupação foi evitar arrastá-los para "a confusão". Cheguei mesmo a dizer-lhes que não havia necessidade, que não era preciso preocurem-se tanto comigo, porque, afinal eu até sou uma desconhecida para eles e eles não tinham de viver as minhas coisas. A família P recusou-se a deixar-me. Nunca emitiram juizos nem opiniões. Nunca me condicionaram nem influenciaram. Simplesmente estiveram ali, durante três dias. Aceitaram o meu estado, o meu semblante. Sentaram-se comigo e fizeram-me conversar. Ouviram de mim verdade e desabafos e não se importaram que eu chorasse. Perceberam que a minha postura não era aquela de alguém que, em situações do género, tenta instigar a confusão, dizer mal, culpar ou tentar sair de mansinho, com ar de menina boazinha e sonsa. (Que afinal até é doente! Onde já se viu?! Reconforta-me saber que a família P achou esta parte completamente absurda) Perceberam, sim! As palavras que me proferiram e a preocupação que me demonstraram são a prova disso.
A família P foi de uma paciência extrema e tudo ou mais que possa dizer sobre eles, nunca será demasiado. Nestes dias que se seguiram, embora a presença deles não seja física, nunca fizeram do provérbio longe da vista, longe do coração, um lema. Podiam muito bem não querer saber mais de mim. Podiam ter-se recolhido no seu casulo. Podiam! Afinal, não lhes sou nada! Mas não! Todos os dias dão o ar da sua graça. Um telefonema, uma sms ou um email. Todos estes dias tenho percebido que eles, a família P, podem estar aqui, ali ou acolá, mas estão sempre lá para mim. Com tudo bem definido e sem fazer misturas. Porque quando falamos, só interessamos nós: eu e a família P.
E como filha mimada que sou, de uma mãe que vive a mais de 300km de mim, mas que está sempre alerta, e a sofrer em silêncio por tudo aquilo que tenho passado, sei que até ela se sentiu mais tranquila por saber que à volta da filha há pessoas assim.
Obrigada, família P!
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