02 fevereiro 2010

Gostar à brava


Nunca esquecendo o tum tum tum, o "já ganhou!", os apelos ao universo e às luzinhas, as conversas rosadas, as saudades do Nepal, as rodas vivas, os regressos (que não estão na memória) a casa, o "olá, quem és?!" e o "bebemos mais uma morangoska aqui ou levamos pro caminho?!", entre tantas e tantas, tantas e tantas outras noites, as melhores soirées que já passei foram aqui. Enquanto lá fora a torre digital indica temperaturas abaixo de zero, que até custam ser pronunciadas, cá dentro sentimos o calor do Rio de Janeiro. É muita conversa, muitas gargalhada e amêndoa amarga com gotinhas de limão a acompanhar. É tudo em família, a falar do tempos de agora, daqueles que já lá vão e das recordações que esta sala abarca. E eis que a conversa descamba e o assunto se torna mais sério... Não deixamos que tome conta do pedaço! Invocamos as anedotas, que assumem lugar à mesa. A brincadeira oscila entre a meia batota no rami (ou lá o que é) e a parvalheira, qual miúda adolescente. O tom mais sério, esse, ouve-se quando chega a hora de mandar a minha prima, de 14 anos, para a cama. E fico cheia de pena... (quero que ela não cresça, que fique sempre assim, menina) Nestes momentos, também não quero deixá-la ir. E então lá vou com ela. Aconchego-lhe o edredon, dou-lhe beijinhos de boa noite - depois de ela já ter passado a noite toda a encher-me de mimos, em troca de morangos para a sobremesa -, e despeço-me com um je t' aime, respondido por ela com a forma de um coração feito com os dedos, antes de desligar a luz. Volto para a sala. O rami já deu lugar às paciências e eu questiono-me acerca da paciência do meu pai para aquele jogo. No sofá, o meu tio nem pestaneja a ver o meu Sporting levar 5 a 0 do Porto. Olho para a minha tia e não percebo se já está a dormir. Até que, de repente, me pergunta: "O que é que mais gostas nesta vida?". E eu respondo: Pijamas!