17 janeiro 2013

O futuro do passado

Por esta hora, sentia saudade de um espaço que já foi meu, um espaço que em tempos pertenceu só a mim e ao qual eu pertencia tanto e tão bem. Apeteceu-me voltar aquele espaço onde tudo era tão mais simples, tão menos pensado e ponderado. Tão ingénuo. Com isto não quero dizer que a necessidade de voltar ao passado imperou. Não é isso e disso não sinto saudades. A saudade que sinto é da forma como eram vividos os momentos partilhados naquele espaço. Hoje, aquele espaço faria sentido. Hoje, se calhar somente naquele espaço eu conseguiria traduzir a realidade real dos meus dias, aquilo que de mais verdadeiro capta o azul do meu olhar e tudo aquilo que o meu cérebro consegue assimilar quando eu lhe dou permissão para tal. A minha necessidade de desabafo e de expressão não se tem realizado aqui. Agora que o meu Reino está em obras, parecia-me que só naquele espaço é que o novo projecto sairia perfeito, com todas as linhas bem definidas, os planos bem traçados e os alicerces prontos a serem seguros. Por isso, hoje procurei o velho espaço. Encontrei um sítio que já não me pertence. A minha outrora passagem por ali parece não ter deixado marcas, não chega a ter uma sombra no canto mais escondido. Hoje, aquele espaço pertence a outros olhos. É um olhar que não sei se merece ver as coisas através daquela perspectiva; é alguém que não sei se será detentor daquele nome, daquela cor, daquele jeito de olhar as coisas, a vida, como só eu olhava dali. E o sentimento é igual ao de quem procurou o que deixou e encontrou algo onde já não pertence, onde já não faz sentido estar. O sentimento de quem voltou atrás para procurar mais uma casa de partida, onde fosse possível construir outra história, uma nova história. E este sentimento de aparição, é ter ido lá atrás para perceber que outra história, a nova história, não precisa de outro papel e pode muito bem dar continuidade a história que tem vindo a ser desenvolvida. Num Reino que apesar de estar em obras mantém o tal olhar. Talvez agora mais profundo. E mantém o mesmo alicerce, talvez agora mais fundo ainda, mais seguro. Num Reino que apesar das obras, está arrumado. E, acima de tudo, bem resolvido e confiante. Better things are coming.
 
 

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